quinta-feira, 11 de junho de 2015

Da linguagem coloquial à escrita padrão

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Por Germano Xavier


Na parte I de seu livro, intitulado de DA LINGUAGEM COLOQUIAL À ESCRITA PADRÃO, a autora Maria Cecília Mollica debate inicialmente acerca da importância de se pesquisar a fala em seus usos linguísticos, destacando assim a influência que tais pesquisas exercem ou podem vir a exercer para o desenvolvimento de diretrizes e metodologias cada vez mais eficazes para com as novas demandas que surgem a todo dia no tocante ao ensino da língua portuguesa como língua materna.

Para tanto, a pesquisadora, que hoje faz parte do quadro de professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, desvincula-se de olhares mais conservadores e volta-se aos segmentos do pensar que considera como característica básica da língua a sua heterogeneidade, dedicando-se aos seus usos naturais e espontâneos, na produção de um pensamento mais dinâmico e atual sobre os diferentes estágios em que se pode encontrar o idioma, tanto na modalidade oral como na escrita. 

Dá-se, então, relevância inconteste para as estruturações de base social e/ou regional que condicionam os fenômenos de uso da língua em todas as suas possibilidades, o que termina por desembocar nas considerações de produção de reformuladas implicações com vistas aos processos de ensino e aprendizagem, bem como de alicerces metodológicos de caráter primordial para o desenrolar educacional. 

Para que o devido encaminhamento aconteça da maneira mais eficiente, a autora recorre a alguns postulados de ordem fonético-fonológicos expostos na obra, com o peculiar propósito de desbravar todo um horizonte relacional que envolve as utilizações do idioma em sociedade e as manifestações oral e escrita da língua. 

O passeio por estas ramagens da língua, na obra de Mollica (2003), dá-se a partir das observâncias daquilo que é natural e previsível na escrita, passando pela aquisição dos processos fonológicos variáveis e indo até questionamentos mais estruturais, a citar o destravamento silábico na fala e suas consequências para o processo de aprendizagem da ortografia. Ao final da primeira parte, a autora ainda elabora algumas propostas de cunho pedagógico no intuito de efetuar outras aproximações para os resultados obtidos no decorrer da pesquisa.

Organizam-se, deste modo, ideias sobre como os pressupostos linguísticos são influenciados e, também, como podem auxiliar o sujeito social nos processos de letramento aos quais está imerso. 

As demonstrações de uso da língua oral e escrita que estão presentes nas páginas do livro DA LINGUAGEM COLOQUIAL À ESCRITA PADRÃO, quase em sua totalidade colocadas como exemplos para estudo, relatam o quanto os conhecimentos diversos sobre os mecanismos de funcionamento da língua tornam-se extremamente expressivos para indivíduos em fase de aquisição e desenvolvimento da linguagem.

Com um olhar direcionado para a prática docente, sem deixar de se aliar aos saberes e conteúdos que fomentam as discussões da Fonética e da Fonologia, assim como da Linguística em si, a autora envereda-se por incontáveis problemas de fala na escrita, alcançando um patamar de reflexão essencialmente eficaz e simples. 

Assim, possibilidades de verificação e de aplicação para os pontos analisados por Mollica (2003) são introjetados no leitor, fazendo-o perceber as potenciais aplicabilidades dos termos discutidos nos usuários da língua. 

Diante da leitura da obra e de toda a complexidade da língua, visto que se está a tratar de um imenso aglomerado de base sociocultural, o que fica elaborado é um conjunto de esclarecimentos que tendem ao uso cotidiano, tanto por profissionais da educação como por usuários comuns da língua, no intuito de não se contentar mais em estar a navegar por mares rasos, mas por oceanos bastante profundos do idioma.


BIBLIOGRAFIA

MOLLICA, Maria Cecília. Da linguagem coloquial à escrita padrão. Rio de Janeiro: 7Letras, 2003, p.11-63.



* Imagem:  http://julioprates.blogspot.com/2015/05/a-adocao-da-linguagem-coloquial-pela.html

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