quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A leveza dos pesos

*
Por Germano Xavier

que peso leve
tem o pensamento possível
- impossível
não se ater ao divino que criou
tuas costas nuas

quão leve é o peso
de um poema que se inicia
inesperado tomado em forma
no agora
como se estivesses comigo
deitada ante um espelho
de arte

é leve o peso
que raciona o que tem sido
muito forte
o que sempre foi e só agora
é sensível

esta força poderosa de chegar em mim
abrindo a crença dos merecimentos em vida
(sou eu lendo para você sob os auspícios de outras criações
vividas e amparadas nas mãos dos deuses)

ao toque de nos recolhermos
pernas atracadas umas nas outras
a fantasia mais real de amar morando dentro
na simplicidade do que somente se renova
quando pureza sem maldade
leve como a carne e o sensual encontro
leve e imenso como a vida
que não abafamos sobre nenhum indício de timidez

é muito leve o peso
que ameaça o que se rompe
que ameaça a prisão
ou que reluta a libertar qualquer momento
ou ainda o peso que altera o pulso
contraído de desejo

é que repartimos este leve peso
- mas que peso mais leve! -
de acordar no doce envolvimento em que adormecemos
no meio da noite que nos inicia

é terminada a hora de medrar
dos perigos de nunca ser
a porta que escancara o mundo
para fora de nossos maciços austrais


* Imagem retirada do site Deviantart.

2 comentários:

Arco-Íris de Frida disse...

Um peso leve... o envolvimento do amor...
Nao é mais peso...

Daniela Delias disse...

Estar sem nunca ter estado. Estar o tempo todo. Eis a leveza, como o poema...