domingo, 30 de junho de 2013

Rasif

Imagem: Google
Por Germano Xavier

Ou “mar que arrebenta”, de Marcelino Freire. Um livro meio chato de contos ou minicontos – qual é mesmo a diferença destas duas coisas? - que tem como pano de fundo a cidade e as pessoas de Recife-Pernambuco. Um livro nada-a-ver, meio mole, meio duro. Um livro bom, um livro ruim. Não sei bem por onde começar nem o que dizer. Por onde se começa quando o assunto é literatura? Talvez fosse interessante dizer que pouco conheço Recife, mas conheço desde a minha infância e, talvez, isto fizesse com que minhas palavras de nada valessem. Pai pernambucano, viagens anuais, parentada para se visitar, aquela coisa toda de família. Andei mais por ela agora já adulto. Pequeno, só fui uma vez lá, de maneira meio traumática. Sim, isso mesmo, eu quase nunca gostava de me expor em praias ou balneários aquíferos, muito menos de andar seminu pelo bairro de Boa Viagem, lugar até então de estranhamento. Cidade bela é Recife, a antiga e a nova. Olinda também é linda, boa para passear dentro de suas cores de frevo. Perambulando em Caruaru-Pernambuco, dei de cara com este livrinho. Aí resolvi ler. Todo bonitinho, capa dura e alva, desenhos intrigantes de Manu Maltez. Fui lendo e lendo e lendo. Acabei por terminar a leitura. É um livro violento, violência em todos os sentidos, branca e vermelha, livro com aura universal, mas que dá para perceber um tanto de uma regionalidade esférica que permeia o espírito regional do povo de paranã-puca. Rasif abre portas, como a maioria das cidades, assim como as fecha também. Engraçado demais, como é que uma cidade faz para viver abrindo e fechar portas? Como é que uma cidade faz para dar espaço às tormentas do cotidiano, ao amor, à confusão e à ternura? Como é que se faz tudo isso e de uma só vez? “Terreno pavimentado com lajes, estrada pavimentada com rochedos” é Rasif, aproveitando a definição do dicionário. Serve bem. Na metade das folhas você vai desejar abandonar o livro. Mas é bom que se continue a lê-lo. Até porque, como diz um poeta pernambucano e recifense, “urubu come carniça/e voa”.

sábado, 29 de junho de 2013

Leite desatado


Por Germano Xavier

o quintal de imagens
coaguladas
a água morta
espelha o céu
telhado
primeiro
primitivo plano
dum chão seguro
forte o piso
daquela nuvem rala
que se esfumaça em cima
abaixo meu tapete
de folhas secas
a gente espera
que o pó varrido
nos cubra de azuis
mas esquece que o dia claro
num ponto exato
e no horizonte do peito
sempre termina

sexta-feira, 28 de junho de 2013

La Negra


Por Germano Xavier

para Mercedes Sosa

Eu só peço o Deus
do que posso, do que a garganta
não segreda e do que a alma
encorpa,
do que a dor colore e desfere,
do vazio que se incha. Eu peço
aquele que sou
no muito
do que somos. Peço
porque canto por
cantar
aquilo que grita
meu olhar.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Luta, luto


Por Germano Xavier

a luta que luto com meu corpo
bem parece a luta que luto com só
minha cabeça.

parte alta de mim, gaturamo,
quase um contraponto
em melodia inacabada.

cabeça corolário.

dedução coberta por uma lustrosa crônica
diária e meu humor e meu grande livro.
um corpo-a-corpo que já não mais,

ou nunca,

preocupa-se com exigências estéticas.
sempre foram de caráter secundário o verdor
dos resultados. embora enquanto negativos
tivessem em si um capricho narcísico de revolta.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Manuais


Por Germano Xavier

a contar pelos meus erros,
e ruídos,
deixo claro
que serão míninos
e silenciosos
teus fugimentos.

...

mal retornas,
nas mãos de seda estes girassóis
cor de sol,
estas fragrâncias avermelhadas,
matizes da renascença,
estes sorrisos cadentes,
rebrotando-te ,
como luas alucinadas...

terça-feira, 25 de junho de 2013

Me vi na pele de Cabeludinho


Por Germano Xavier

para Manoel de Barros

Cabeludinho não joga mais
no Porto de Dona Emília.
Cabeludinho disaprendeu?
Isqueceu de aprender, o Cabeludinho?

Saiu de casa cedo.
Quando menino, quase que
nem de casa saía.
Pobrezinho do Cabeludinho!
Os postes tão altos, acesos
lá fora,
na rua brilhando,
e ele
brincando de se esconder,
de si mesmo.
Para ele, nada como brincar de esconde-esconde.

A diferença é que na rua
os meninos procuravam outros meninos.
Já Cabeludinho não.
Cabeludinho gostava era de procurar
explicações para os sentimentos das torneiras abertas.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Meada


Por Germano Xavier

vem depois
do impossível
a verdade
após todo
o cômodo caído
sobre a peça
do rosto
vem depois
da comoção
do abandono
a cidade
nossa
vitimada
ao longo
das relações
de caça e apuro
vem doravante
no análogo círculo
conceitual
minha substância
graduante e afiançável
vem
posteriormente
ao meu estilo ou casco
aqueles homens de mim
tão intratáveis
tão sem caminhos
tão lendários
vem
eles vêm
sem a verdade dos centros

domingo, 23 de junho de 2013

Ménage à trois


Por Germano Xavier

se te empresto
que fazer?
Tchernichévski estava certo
ou não sabia do amor

sábado, 22 de junho de 2013

Libelular


Por Germano Xavier

minha cantiga precipita-se,
(ainda de menino esta competição
de memórias leais)
da janela do meu quarto
vai libelular
- onde não te pus?

e fica apenas o trato
que não te dei, e o sangue
coagulado, de um vazar obstruído.

desafias, veloz, o tempo.
teu instinto baldio
não vê muros nem trincos nem cercos.
vai perfurando meus limites
sobre o pátio da emoção,
até que pulse em mim
apenas a sineta do vago silêncio,
em perfurações
volantes.

a libélula pasta sobre a mesa.
eu, branco e sem domínios,
apascento todo o meu gado.

é quando a memória, esta vadia,
abre as pernas para o estrangeiro.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

A WEB, o homem-duplo e os novos anos da nova era


Por Germano Xavier

Pierre Lévy, renomado filósofo da informação, acertou quando, no início de suas pesquisas sobre o advento da internet e de suas respectivas adjacências, previu o crescimento das mídias sociais – ou comunidades virtuais, como preferir -, assim como não errou quando conjeturou frente ao progresso mundial que mesmo em sua companhia, a do ciberespaço, o ser humano não dispensaria a forma ancestral do encontro pessoal, vis-à-vis, e que a cultura ali compartilhada, naquelas nuvens invisíveis por onde trafegam milhares de dados e informações em frações de segundos, tomaria proporções de universalidade num tempo também recorde.

Lévy, exímio crítico das redes sociais e pesquisador das interferências da internet nos meios sociais, também imprimiu certezas acerca de vários outros aspectos na esfera infinita e em constante construção evolutiva operada pela internet. Uma dessas verdades elucubradas pelo estudioso é a de que o indivíduo do século XXI seria um ser múltiplo em si mesmo, dotado ele de um aumento instrumental-anímico produtor de ações, ou um ser capaz de reconhecer o surgimento de um novo corpo no próprio corpo, de uma “aura semântica”, que nada mais seria que um reflexo de sua própria identidade cognitiva ou das pessoas em relação a ela, ou seja, Lévy defendeu a idéia de que nos tornaríamos homens duplicados, homens-duplos, constituídos de um ser natural, humano e sensível, e também de um ser virtual, o avatar, moldado a nosso bel-prazer ou bel-sofrer, e com aceitações por parte de alteridades várias, humanas ou virtualizadas, também muito diversas.

Muito debate pode ser gerado deste imbróglio, o que decerto muito já foi feito, assim como muitas perguntas foram produzidas por centenas de especialistas e curiosos, mas que ficaram ou ainda se encontram sem respostas, ou mesmo são unanimemente reconhecidas como insolucionáveis, haja vista que ainda estamos vivenciando a infância da internet mundial e sua intensa profusão pelos quatro cantos do mundo, o que lhe acarreta uma eterna ebulição identitária, fato que dificulta o acesso ao seu DNA verdadeiro e definitivo, se é que podemos assim dizer.

Mas, do que mesmo este homem-duplo seria capaz? Em que aspectos o avatar de si mesmo poderia afetar o indivíduo ou a individualidade de sua porção naturalmente humana? E o que não tem caráter humano pode ser classificado como sendo algo automaticamente desumano? O que a cibercultura tem a ver com a democracia e o que a ciberdemocracia tem a dizer à cultura? O que é mesmo real e virtual hoje em dia, qual a fronteira que limita esses dois pólos? Qual o conceito de interatividade que a internet nos fornece e qual é a forma de interatividade que realmente nos interessa? Qual o futuro da web, e o mais importante, qual o futuro do homem?

Então seria esta mais uma parola acerca da fundação das celebridades, dos ícones sem sentido, gerados no seio do que é vago e deserto, no vão de nossas faltas, de uma espécie de religião popular baseada na apocalíptica estratégia das ordens do dia, da reprodução em massa, do consumo, da política, da cultura, da sociedade em geral, fosse também visualizada por nós uma brusca mudança no modo de se reconhecer competências (inteligências coletivas), facilmente averiguada em nossos dias como sinais profundos de que o mundo nunca mais seria o mesmo de antes da popularização da web?

A criação de alter egos para escape ou para realizar o domínio de outro território, mesmo que este novo espaço seja o do showbiz, ou mesmo para promover uma facilitação de uma revolução sexual calcada nas possibilidades infinitas do prazer, típicas de uma androginia camaleônica disfarçada nos próprios meios de se falsificar, reproduzir, inventar, recriar ou descartar as possibilidades, para no fim de tudo acabar sendo o que não se é, ou não ser, sendo, traz à tona temas que também fazem parte dessa mídia recém-produzida não só nos quilômetros e quilômetros de fios ópticos e ondas invisíveis, mas também da mídia que somos, posto que com o aparecimento da internet e das redes sociais nos descobrimos como sendo suportes em excelência para outras dimensões da nossa própria existência.

Quem pode ter em mãos ou na ponta da língua a resposta que esclareceria de uma vez por todas a instigante dúvida acerca do que deveras viria a ser este homem duplicado em si mesmo, que vive mais de uma vida – morre-se mais de uma vez também? -, que cumpre uma função (ainda) desconhecida e que sem dúvida é uma questão em aberto? Seria o usufruto do efeito avatar um novo formato para o emblemático indivíduo outsider, ou seria o inverso disso? O que esperar de nós mesmos daqui 10, 20 ou 30 anos? O homem transformar-se-á num ser tecnológico em essência? E o que isso representaria? Ou tudo já é passado?

Enfim, a filosofia não morreu. A filosofia chama.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Caboclo de lança movido a dendê

Imagem: Google
Por Germano Xavier

Sou mamulengo vindo do Rio Una,
em São Bento nasci no couro do meu pai.
De Cajarana, fazenda esquecida,
fui Canarana, mãe de meus ais.

Cobri fronteiras mais que compridas,
dancei a dança dos vendavais.
Amei infames corações roídos,
fui largo e me estendi em marginais.

Me fiz na palma verde caída do agreste,
lembro veredas de muitos angicais.
Sofro moído as lanças de meu povo
que não me sabem nestes carnavais.

Sou mundano ardor e flor partida,
brinco de verso com cor de bacanal.
Se escrevo minha noite em letra viva,
é porque quero mais bem e menos mal.

O quarto caudaloso e um cômodo perdido


Por Germano Xavier

I

conheço-me bem,
mas, mesmo de mim sabendo,
sigo me estudando...

II

meus livros tombados
dormem. não sabem, nos sonhos
seus, que estou a ver.

III

embaixo da cama
mora um dragão. de noite
ele cospe estrelas.

IV

quando a luz quero eu
apagar, acendo a lua
da minha janela.

V

enquanto eu durmo,
os anjos varrem com asas
a poeira estelar...

terça-feira, 18 de junho de 2013

O egoísta ecce hommo


Por Germano Xavier

não fugiu o mundo
era tão grande era tão
romântico o mundo e tão
marginal era ele
não fugiu quando era possível
quando havia ainda a escadaria
não fugiu não escapou do mundo
tão grande tão grande
e agora o caminho que ele segue
o destino suspenso gradual
do fim
o cambiante final da história
amarga e sádica história
do final sem fim
não fugiu suas mãos
eram tão fortes tão divinas
não afrontou a realidade tragável
e agora destroça-se amavelmente
olhando em si o traje puído
a indumentária da pele de palhaço
irreconhecível perdedor andando
e conhecendo e engolindo
a sua remordida desgraça particular

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Mídia, consumo cultural e estilo de vida na pós-modernidade


Por Germano Xavier

Que as mais diversas fontes midiáticas são um prato cheio e saboroso para o convite ao consumismo desordenado (assim mesmo, em redundâncias), além de indicar e incitar nos meios sociais constantes alterações no padrão de vida cultural-comportamental-humano, todos estamos já sabidos há tempos e tempos, não nos sendo mais nenhuma novidade. Através do rádio, da televisão, da internet, dos jornais impressos, entre tantos outros segmentos dos ditos mass media, o homem vai sendo moldado ao bel-prazer (e não ao bel-sofrer?) dos regimes sócio-político-econômicos vigentes e, com raríssimas exceções, impregna-se de modelos para lidar com a vida muito das vezes contraditórios e desajustados para a sua real personalidade. Mas, será mesmo que somos somente as vítimas do marketing? Será mesmo que nós, seres humanos, somos simplesmente as vítimas da mídia? Somos, ou não somos?

Certos setores da sociedade são mais atingidos por estes constantes fluxos mutacionais de comportamento que outros, a tomar como exemplo o dos fatores ligados à adolescência. Para esta classe, se é que podemos assim seccioná-la, chega a ser básicos e normais os sentimentos e as atitudes de “se deixar levar” pelas novas tendências do mercado de vestimentas, calçados, aparelhos eletro-eletrônicos, et caetera. Os indivíduos que não se adaptam, logo e por consequências significativamente também “naturais”, sentir-se-ão afastados da maioria e desterritorializados em seus próprios espaços de domínio e convivência com o mundo. Parece haver uma predisposição ao jovem na atualidade, principalmente o jovem urbano, morador dos grandes centros, a se precisar estar em contato direto e infindo com o que acontece com o resto do mundo. E é justamente aqui onde os mass media entram, alimentam-se e introduzem em todos os espaços possíveis as suas mais variadas reproduções culturais. Todavia, o que é mesmo “estar in”? O que é mesmo “estar out”?

Para a maioria das pessoas, dessabidas ou não de si mesmas e de suas próprias relações com o restante do mundo, somos e jamais deixaremos de ser reféns da sociedade de consumo e, por conseguinte, do predomínio da mídia na formação da opinião pública. De certo modo, não deixam de assim acertar, mas esta elucidação mais aligeirada acerca de todo o processo que envolve a comunicação, o consumo e o modo de se viver talvez deixe de lado uma premissa muito simples e factual, porém demasiado cara a muitas pessoas, que é a de que as individualidades e personalidades de um indivíduo vivente (ator social) são construídas, prioritariamente e essencialmente, através de nossos gostos pessoais, fato que tentaria generalizar que o conceito trivial de “estilo de vida” independe do que nos é oferecido pelos sumos midiáticos, mas depende, sim, de nossas próprias decisões. Mas... faz-se difícil entendermos isso, posto que somos entidades de comunidade, coletivos, fato que dificulta a identificação e a postura solitária de nossas ações sobre o globo.

O início do uso da terminologia “estilo de vida” data do começo do século XX, onde boa parte do mundo, sofrendo intervenções “animadoras” no que regia à industrialização e a modernização, viu ser fomentadas a cada ano novas perspectivas de lazer e consumo. A partir da década de 50 do século passado, período no qual houve a amplificação dos interesses midiáticos liderados pela massiva influência das intervenções econômicas dos Estados Unidos da América, muitos povos viram-se atingidos de supetão pelo famoso “American way of life”, i.e., o modo americano de viver. Já a década de 80 do mesmo século viu o tema entrar em seu apogeu quando dos eventos que se interessavam em discuti-lo.

Muito fora falado acerca do assunto, estudiosos de todas as partes do mundo travaram eloquentes debates acerca do consumismo e suas consequências, muitas obras foram escritas, assim como várias conclusões ficaram pelo ar apenas em esboço e elucubrações de todas as ordens permanecem vivas até hoje, tempo cada vez mais próximo de presenciar o limiar-fim do capitalismo (será mesmo que tudo que é sólido um dia se desmancha no ar?), como a que preconiza que apelo à construção de um estilo de vida naturalmente influencia os padrões de consumo, mas também faz do inverso (na figura dos processos de marketing) também uma verdade, ou seja, a mídia também é influenciada pelos gostos das pessoas, o que prova que temos parcela de poder e culpa em tudo isso.

A construção de termos pejorativos pelo jornalismo e pelo senso-comum (a citar “mauricinho”, “playboy”, “piriguete”...), assim como os efeitos desenfreados impostos pelo ramo propagandístico, consegue elaborar uma visão dos bens (simbólicos ou não) consumidos que os favorecem como sendo elementos usados na expressão pessoal e na distinção social. O indivíduo, necessário salientar, é moldado por um conjunto de forças que operam sua individualidade, e não apenas a força dos mass media. Os “estilos de vida” constituem-se de dois aspectos essenciais: o primeiro é o aspecto cultural: constituído por imagens, representações e signos midiáticos. O segundo é o aspecto de transitoriedade: ou seja, qualquer um pode mudar de “estilo de vida”, a qualquer momento, ou seja, a liberdade de ser, de escolher o que se quer ser só a nós mesmos impera, por mais que não aceitemos facilmente esta percepção e por mais que a nós seja penosa tal ação. O indivíduo coletivo é antes um ente uno e tem o direito de ir e vir, de fazer o que quiser: livre-arbítrio (até onde somos mesmo livres?).

Os “estilos de vida” são menos determinados por posicionamentos estruturais e mais pelo indivíduo e o seu relacionamento com essas “condições”. O caráter lúdico e/ou reflexivo dos estilos de vida ainda é um dos maiores fatores de influência e vigor existencial dos diversos “estilos de vida”. Seu caráter de transitoriedade/superficialismo é também outro ponto que se destaca neste turbilhão. Os “estilos de vida” também são mecanismos de defesa, locais onde se fazem uns exercícios de seleção de mercadorias disponíveis, reduzindo a pluralidade das escolhas, atuando como uma espécie de “âncora identitária”. Ao final, a unidade do “estilo de vida” é simplesmente a sensação de segurança.

Estilo de vida=Indivíduo=Comércio=Administração=Exploração.

Para citar um exemplo do que estou a falar, temos as “indústrias culturais da beleza”, que trabalham em cima dos setores de insegurança existentes nos “estilos de vida”. Para muitos estudiosos do tema, a cultura que se baseia no consumismo é senão uma espécie de desforra para os problemas identitários, contagiando as pessoas de uma incerteza orgânica acerca do que pode ser considerada hoje a “escolha correta”. Nesse ínterim, outros conceitos para a terminologia “estilo de vida” surgem com força. Um deles é o que parte do pressuposto de que o consumo pode ser também um eficaz meio de se combater a padronização, visto e analisado como atitude de criatividade simbólica. Destarte, o consumo se transfiguraria também na ação de gerar inovações, e não só na de “produção” ou, ainda, na de reprodução. E aí, o que você me diz?

domingo, 16 de junho de 2013

In(reflexo)


Por Germano Xavier

sou o menino à deriva
que olha o menino invertido
no espelho d'água... tenho os ombros
que o menino inverso tem, tenho

os olhos do menino, o mesmo rosto,

o mesmo nariz, visto a mesma roupa...
tenho também a nuca, o dorso dos braços,
a pele em redemoinho dos cotovelos,
tenho tudo que ele tem...

e a chance de não mais sê-lo.

sábado, 15 de junho de 2013

Mapa Mundi


Por Germano Xavier

eu tenho o mundo na parede
do meu quarto,
um mundo de amanhãs,
de manhãs de aprendizados,
um mundo de manhas e antemanhãs.

é no azul do mundo, do meu mundo,
que todo dia vou deixando de existir.

e no oceano vou fincando,
à praia, em lógica distância,
minha alma intimorata,

tal qual o rio de Heráclito,
presa apenas às automáticas passagens.

a palavra é a água, a palavra é o fundo
do mar. eu sou o peixe profano,
nadando na rua aquática,

engolindo o verbo impossível
desta geografia agreste de inutilmente zarpar.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Globettroter (ou minha Aids com Abreu)


Por Germano Xavier

à idade quadrada de 60 do Caio F.


Passo de Guanxuma,
Iraquara do sul.
Veja o que você fez!
Aprendemos sobre solidão!
(E é tão difícil).
Louros no nome de ir,
derrotado? Quem te matou, Abreu?
O DOPS foi tão pop perto de você, seu maluco!
Casa do Sol foi teu spa?
Veio de lá tua doença podre e irônica?
Acadêmico das ruas, o exílio
é mesmo sempre ir? E tem da cor vermelha no mercado?
Você plantou hibiscos como o Andy,
amarelos? Azuis? Pop?
Bata na cara do aveludado Brazil!
Cadê você, porra!?
Pra bater e ensinar como.
Égua e cavalinhos brincando de amor,
sem dois, sem um nem...
Quem mandou você sumir,
e dar este passeio com o ser do Tempo
quando eu ainda ensaiava nascer?

terça-feira, 11 de junho de 2013

Ilha antecipada


Por Germano Xavier

Ele sente a dor
e antecipa a dor que sinto.
Ele atravessa o quarto escuro
e deixa acesa a luz do meu caminho.
Revira os móveis da sala
e me adianta o mistério dos esconderijos.
Vai lá fora e traz a carta
do remetente desconhecido.
Ferve a água fria e me esquenta um tempo bom.
Faz tudo adormecer, leões amansarem,
dragões perderem o fôlego de fogo feroz,
derruba Cézares, vence impostores,
e me serve um exemplo guerreiro.
Decide sozinho o destino de todos,
alimenta os porcos e os cordeiros,
combate a praga hospitaleira.
Ele faz tudo amadurecer perfeito,
e de mim não retira o prazer
do ver-sentir-saber convicto.

domingo, 9 de junho de 2013

Ensaios (II)


Por Germano Xavier

Revertério. O consumo em prosa, em papelote. Em papel fotográfico de eus e tus ré/Torcidos e engomados em papelotes prosaicos. Um tus de eus torcidos e ré, ré/Concebidos à margem da própria imagem em cristal e papel, em papelote. As ré/Formulações auráticas do que se quer como fim, final interrogado se real, ré/Impressão fidedigna e firme e forte e fiel e fantástica e focalizada como ré/Gula mente ação, regulamentação. Até onde o pop, o full, o under, o cosmic ré/Direção dos modos das vidas dos outros em nós. Os eus-tus, os tus-eus, em ré/Manejo de livro velho aberto e lido do cabo ao rabo e o cometa de nós que ré/Planta a brincadeira de ser e não ser sendo e não sendo e só sendo se o é ré/Lógico e dúbio diálogo sublime impacto sestroso e elétrico chocante show ré/Invenção da tinta que me pinta em cores descolores, a mixórdia bombástica ré/Pensamento: meu orgânico-metálico-organismo-mecânico. O ciborgue imótuo ré/Significação robótica em flashs. A arte enquanto o nó gordo e górdio fera ré/Doma o monstro homem na jaula da objetiva, redoma. Campânula tecno e bio ré/Implante em máscaras e rouge e batom coletivo, a labial face dos exemplos ré/Integrados ao desejo profano por liberdade: eis o néctar e a ambrósia dos ré/Eleitos.

Liberdade: eis o néctar e a ambrosia dos ré
Eleitos.


Texto que fez parte de uma exposição fotográfica produzida pelo professor José Renner Benevides de Alencar e por alunos do curso de Comunicação Social/Habilitação em Jornalismo Multimeios da Universidade do Estado da Bahia/ UNEB, em 07 de dezembro de 2006.

sábado, 8 de junho de 2013

Tecido

Imagem: Google

Por Germano Xavier


és um novelo
e, portanto (por tanto),
t'enfio no elo
tal qual uma agulha vã

neste caminho inseguro
de coser uma alma à outra
alinho os aros fechados
(inventor de casas)

tecido,
t'entextuo inteira como na real escritura
posto que nesta toda e longa urdidura
adormeço menino nesta tua fêmea tessitura

Maravilhamento (poema mousement)


 Por Germano Xavier

já que cada humanidade
será um dia afetada
pelo químico devaneio,
eu me adianto no óbvio,
no existível.

no existido
compasso dos inevitáveis
adoramentos.

sendo

que o meu argumento medita,
como afirmarão, sobre os nãos
da experiência viva.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Ensaios (I)


Por Germano Xavier

Escolástico porque bombástico
A minha tua sua
Nossa vossa arte
É inter
É entre
É junto
É coletiva
Não seletiva

Mas de escol cabeça dura-mole de plebeu
DE PLEBEU RICO

A esfera maciça do teu retângulo oco e morto
VIVO
Meu organismo fotografado
Em personagens

Eu sou Tu és o sou
?

Bem dentro e fora
Sulcos púlpitos pudicos
E o pudor
Por liberdade

E o poder
Da LiBeRdAdE
?
A bala na jugular
Do mundo
Bem fundo espelhos em RETALHOS
Costuro furo marco sugo li
BO
De liberdade LIVRO DE MIM EUS
LIVRO DE NÓS TUS desejo

De ver verde vivo
De suar esgotado
Em eus e tus
Fotos
Fo-TUS
Fo-EUS

A prima
A obra
A prima dona obra
O flash
O show
A IMAGEM
À MARGEM

A ARTE ENQUANTO O NÓ

O LÚDICO
O fim o fim o fim o fim o fim o fim o fim o f
Im
?
?
?

Tecno-bio-lógico
?
Escuta diálogo sublime impacto reproduzível

A RÉPLICA de mim
Em intensidades
Em capacidades
Em esclarecimentos
Em técnicas
Em rituais
Em auras
Em autenticidades replicadas
A MINHA REPRODUÇÃO

Ré? Ré-produção?

Só sou o que sou só sou o que sou só sou o que sou só sou o que sou só sou o que?


Texto que fez parte de uma exposição fotográfica produzida pelo professor José Renner Benevides de Alencar e por alunos do curso de Comunicação Social/Habilitação em Jornalismo Multimeios da Universidade do Estado da Bahia/ UNEB, em 07 de dezembro de 2006.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Qual é a da poesia?



Por Germano Xavier

Poesia não é um crime premeditado, em que o escritor forja álibis ou procura esconder pistas sobre um "assassinato" de um indigente qualquer. Pode até vir a ser, se dominado, o poeta, pelo mal-do-tempo. Porém, na maioria dos casos, não é delito sabido. E é aqui onde o perigo reside. O poeta simplesmente atira seu projétil-verdade e acaba ferindo estruturas diversas, inclusive os andaimes que o sustentam. É claro que cometo algumas gafes, como por exemplo dizer "Eu vou escrever um poema". Mas todo homem tem o direito de errar uma vez na vida. Pensando assim, talvez o crime poético esteja aí, na falácia impensada e sem juízo de quem legitima sua escrita em pulsões distraídas e cobertas de uma volúpia insensata. Mas também é certo que, no maior do tempo, o poeta, aquele de verdade, costuma escovar os cabelos do silêncio e permanecer absorto, tentando se encontrar. Quem aqui irá dizer que não é necessário escutar-se, que não é importante ouvir seu próprio barulho interno, refletir, amar ou odiar a si mesmo?

Escrevo como quem existe. É mais do que lógico: ninguém hesita em existir. E não me venha dizer de defenestradores de quinta categoria, ébrios que ateiam fogo em suas carcaças doentias ou de loucos arrependidos. Se, por acaso, a poesia for uma atitude criminal, partirei do princípio de que ela tem o seu lado passional. E isto também é fato, indubitável. O poeta escreve porque ama, e também porque odeia. Odiar também é amar, amar inversamente.

Se você me perguntar o que é Poesia, eu simplesmente agirei da forma mais vaga possível. Eu não sei explicar, sinceramente. Não conheço sua face primaz, primitiva. Eu apenas suspeito de tudo. Acredito até que ela é uma "coisa" que não possui conceituação plausível e humana. A poesia transcende, duplica-se, quadruplica-se, perde-se em si mesma por tão gigantesca ser. Para mim, ela sempre foi algo maior que eu, muito maior, mil anos-luz maior que eu, um universo maior que eu. E sempre será uma explosão de música, de nervos, de pensamentos, surgindo de um ato quase sempre solitário, intransferível e altamente singular.

Se há alguma coisa que desejo nesse mundo é um dia escrever um poema. Mas sei que isso me ocorrerá apenas se eu não desistir no meio do caminho ou tropeçar nas pedras da vida, porque, como diria o nobel Elias Canetti, cada poeta que nasce ajuda a tecer um irrisório fio na poesia-una, na poesia total do mundo. Por isso sigo, lançando lanças em combates diários e quase sempre madrugadores. Poetar significa, entre tantas outras coisas, matar o Amor para que ele sobreviva sem a pieguice. Significa desbastar o poema para que fique somente o essencial, como tantos assim já disseram. É ter o verso como uma escultura ainda não lapidada: o rosto está lá dentro, sendo preciso descobri-lo extraindo pedra. Daí a dureza de escrever, o suor.

Há quem pense que o texto poético se faz derramando sentimentos no papel, inflamando o ego da namorada, chantageando os amigos com loas, descrevendo as belezas do mundo, registrando nossos melhores momentos no diário. É também, mas isso é o mínimo, e justamente o contrário. Não há de ser desabafo somente, poesia revela a realidade sem intermediários e filtros, ou é o próprio aparelho filtrante. Uma comoção, sem choro ou com, psíquica, nunca servindo para maquiar ou obscurecer o cotidiano, mas para apanhar os detalhes e as distrações que tornam o homem mais verdadeiro e intenso.

A poesia também faz sangrar, é preciso lembrar disso.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Godot, na esquina, um eu


Por Germano Xavier

o instante pisa o meu corpo, pisa.
do meu vulto, espero Godot chegar
em sua liteira de nuncas com assentos de seda carmim.
minha sombra devolve minhas formas de penumbra.
sou apenas o resto de dois homens
que não são mais e são
sentados e sujos, e que mastigam
a peçonha dos dias.
revolvo-me, sufocado pela corda
dos meus próprios e débeis braços.
corre um veneno vermelho, minha
capa de chuva interna.
meus olhos, diante da lua interna de mim,
são lagoas azuis, secazuis.
espero Godot chegar, sublime,
atrás dos gelos. enquanto isso,
o instante pisa o meu corpo, pisa.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Borges, meu grande amor

Imagem: Google
Por Germano Xavier


Gosto não se discute. Será mesmo? Não tenho certeza. Mas, quem tem? O certo é que amo a literatura de Jorge Luis Borges. Sim, a literatura. Borges, o homem, foi um sujeito todo esquisitão, sei lá. Quem lê sabe do que estou falando. Eu também devo ser um sujeito todo esquisitão, mas quem importa? Esquisitice não deve matar. É até um ponto a se considerar quando o assunto é arte, concorda? Sei se concordo comigo não, mas... o certo é que o Paul Strathern conseguiu me prender por mais de 90 minutos com o seu livreto intitulado BORGES EM 90 MINUTOS. Mas eu confesso que sou um suspeito neste caso. Falo bem de tudo que é texto que trata do argentino, meu escritor predileto até o prezado momento. E olha que ele está no topo da lista de predileção há alguns bons anos. Nunca foi ameaçado. Será que estou lendo pouco? Confesso que estou, mas tal fato é um fato. O livro do Strathern fala mais sobre o homem e deixa um pouco de lado a literatura borgeana, aquela feita de labirintos e cegueiras e tigres, inventados por ele mesmo. Vai me dizer que textos de cunho biográfico não chamam a sua atenção?! Eu confesso que gosto. Gosto mais se for sobre ele, meu grande professor argentino. Borges foi um homem afetado, por todos os lados. Homem que deixou de viver a vida normal para viver uma vida anormal, feita de muitos desencaixes. Um sujeito esquisito, como disse, que rumou até o desconhecido pelo corredor da angústia e do saber, saber que soube como ninguém retirar dos livros e de suas tantas bibliotecas, que o fizeram Borges: Jorge Luis Borges, meu grande amor.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Senhoras e senhores, o imprevisto


Por Germano Xavier

De que materiais são feitos os imprevistos? Quais os elementos que os constituem? Podem, eles, quando trabalhados fervorosamente no âmbito da literatura, serem gerados sem que se precise usar de seus próprios ingredientes, ou realmente acontecem inesperadamente, sem suspeitarmos de quando virão à tona, tal qual estrelas cadentes no céu? O Imprevisto, antes de ser o título do livro de estréia no universo literário de Eulália Isabel Coelho, conhecida simplesmente por Biba, é também o elemento primordial da obra, e que permeia todos os dezoito contos do livro. Com menos ou mais intensidade nos diferentes temas abordados dentro dos respectivos escritos, percebe-se de pronto que é o não previsto o que causa espanto no leitor, o inopinado, o que se sucede de súbito, sem pedir permissão, ou melhor, é a surpresa que surpreende – assim mesmo, redundantemente. São contos curtos, escritos em tom intimista, geralmente intercalando a primeira pessoa com a figura de um narrador que dita as estórias em terceira pessoa, dando a impressão de que há sempre um misto de passado e presente, de realidade extrema e pura ficção. O leitor acaba sendo a terceira personagem dos textos, de função especialíssima e fundamental, pois se envereda, mesmo nos ambientes mais recônditos, por mundos deverasmente aprazíveis, quando não misteriosos. Aliás, a autora brinca com seriedade com uma forma de fantástico mais sutil, de linha tênue, sem espetacularizar muito. Nada parece forçado, nenhum acontecimento narrado soa como um exagero. Talvez por já saber que o que mais importa em um bom texto é a carga de sentidos que algo aparentemente normal pode revelar a um sujeito-leitor quando imbricado com outros fatores da trama. Com classe e paciência, Biba nos conduz a um simulado de real paralelo, muito mais visível e verossímil do que à primeira vista pode parecer. É assim em Arremedo, conto que abre o livro, quando nos mostra o convívio conflituoso de uma artesã com sua própria arte. Ou uma incursão nas arestas do escuro, em Cantiga. Ou, ainda, num mágico visualizar acerca das naturezas animais e humanas quando de um fato bastante intrínseco: a morte; na não revelação de um segredo, no ponto de vista de um alguém normal acerca do fator tempo, num conto-homenagem ao escritor Caio Fernando Abreu, entre tantos outros. E tudo isso sem deixar o leitor com a sensação de vazio, ou de plena satisfação, posto que é através dos inúmeros questionamentos deixados à vista de quem lê que a autora ousa criar raízes mais firmes e profundas para suas narrativas. Perguntas do tipo: “Deus é o único que dá uma curva no tempo, não é?”; “Você não quis preencher aquele vazio que ele encarcerava no olhar, não foi?; “Mas quem pode entender o inevitável?”; “Tudo é uma questão de momento, não é?” Assim a cadência que soa natural e harmônica da orquestra textual regida por Biba vai ganhando suas formas, suas cores, seus sons. O resultado final é, como propõe o título, uns algos ou alguéns não pensados regando as terras da razão e da fantasia.

Para ler mais, acesse:
www.bibacoelho.blogspot.com

domingo, 2 de junho de 2013

Um homem atlântico

Imagem: Deviantart
Por Germano Xavier


às vezes
depois de tantos desencontros
olho para a figura estampada no espelho
no corredor de minha casa

sob as tais vestes especulares
um rumor de passado disfarçado
em velhas fotografias
me interrompem mais um pensar

pesa sobre mim em tal momento
um arco triunfal sobre a cabeça
ilumina tanto que me permito ir
ao encontro do que já não sei se

mas tudo
mesmo no entanto ou no encanto
me sabe de encontro ou pronto
a escapar do sentido mais manso
que não mais me amansa
nem mais me conduz

sábado, 1 de junho de 2013

Sobre o ensino de Gramática nas escolas

Imagem: Google
Por Germano Xavier


Tem-se discutido muito no meio educacional a prática de ensino de gramática, principalmente pelo fato de que os educadores e/ou as instituições privilegiam o uso da gramática normativa, desconsiderando todas as demais formas de gramática. A adoção da gramática normativa, tida como a única que deve ser considerada, acarreta num total clima de preconceito, já que a mesma põe como errado tudo o que propõem as demais gramáticas existentes, estas passam a receber o rótulo de errôneas, desacreditadas.

É oportuno, portanto, abrirmos este canal de discussão a respeito da prática que vem ocorrendo no ensino de gramática de Língua Portuguesa em sala de aula, principalmente, com seus principais difusores: os educadores.

O bom professor pode até errar, mas, mesmo no seu erro, ele busca desenvolver capacidades em seus alunos. Com o bom professor de Língua Portuguesa não é diferente, este procura suscitar em seus alunos, a maravilhosa maneira de olhar a sociedade em que está inserido pela ótica da criticidade, pois, esta é a melhor forma de o indivíduo tornar-se cidadão, tornar-se um agente transformador do seu meio e de si mesmo.

É com o objetivo de conhecer que concepção os professores de Língua Portuguesa de uma escola estadual da Cidade de Petrolina – PE têm em relação ao ensino de gramática que esta pesquisa se destina. Pois, julgamos que estes são os principais responsáveis pelo ensino - que fique bem claro que não os concebemos os únicos -, mas os primeiros, e como tais, vemos neles os principais agentes modificadores de quaisquer mudanças na área educacional.

Baseando-se em entrevistas feitas com educadores que atuam na área, esta pesquisa procurará perceber a real percepção tida pelo profissional de Língua Portuguesa em relação ao ensino de gramática.

Os resultados alcançados por esta pesquisa não terão o propósito de definir metodologias para a prática de ensino de gramática em sala de aula, contudo, os resultados obtidos poderão contribuir para uma efetiva e democrática discussão do modo como vem ocorrendo em sala de aula o ensino de gramática, bem como, poderão a vir ocorrer.

O mundo vive a era da globalização, onde a informação está cada vez mais rápida, mais próxima do cidadão. Este chega a se perguntar se de fato consegue interpretar tudo que chega a si. Tem-se a informação, mas não se tem a capacidade de absorção da mesma maneira rápida com que chega.

Esta era é muito dinâmica, tudo muda a todo instante. A política se transforma da noite para o dia, a economia muda em minutos, novos valores surgem e os velhos são transformados em preconceitos. É a sociedade do consumismo vivenciando sua sina. É o tempo da efemeridade, onde tudo é passageiro.

Assim, a escola atual busca formar cidadãos preparados para atuarem neste mundo ligeiro, complexo. Esses cidadãos, no entanto, não podem, não devem ser meros espectadores desta sociedade que se modifica a todo momento. Precisam, sim, ser a diferença, precisam ser agentes capazes de transformá-la num mundo mais justo - no sentido amplo da palavra -, num mundo mais humano.

Os alunos transformados em cidadãos conscientes, frutos de nossos sonhos, são os capazes de atuar em vários campos, capazes de saberem fazer uso da informação com a mesma rapidez que a recebem. Estes são os alunos multiletrados, feitos cidadãos multiletrados.

Se é fato que o homem necessita ser múlti para ser capaz de (sobre)viver numa sociedade tão diversa, da mesma forma, o aluno não pode se deparar com apenas uma concepção de gramática na escola. E, sabendo-se que são os professores os principais responsáveis pelo ensino de gramática na escola, pergunta-se:

Que concepção tem o professor de língua Portuguesa em relação ao ensino de gramática em uma escola estadual do município de Petrolina – PE?

O uso da gramática nas aulas de Língua Portuguesa nas escolas, geralmente, vem fomentando inúmeras discussões ao longo dos anos. À luz da razão, almejamos, desse modo, mostrar as incoerências e divergências gramaticais concernentes ao método de ensino posto em prática em escolas públicas e particulares de nossa região.

Partindo de tais pressupostos, e já realizando uma análise dessas incoerências, partimos de como Bechara (1982, p.199) conceitua período: “chama-se período o conjunto oracional cuja enunciação termina por silêncio ou pausa mais apreciável, indicada normalmente na escrita por ponto”.

Notando a obscuridade da conceituação, Bechara simplifica-se no parágrafo posterior, dizendo ser “período simples o constituído por uma só oração”. O que se entende por conjunto oracional? É a reunião das partes que constituem um todo.

Se fôssemos confrontar a idéia de Bechara com a de outro autor ou estudioso da língua portuguesa, veríamos uma variação considerável na maneira de se pronunciar sobre um mesmo caso, o que abre espaço para constantes debates e discussões acerca do problema gramatical.

Como o aluno pode absorver esses conceitos “eloquentes” ou “retóricos”, e que procedimentos ele utilizará para o enfrentamento de concursos públicos e vestibulares? É por isso que se a classe docente não fizer uma antecipada avaliação do livro didático que possivelmente será adotado estar-se-á acomodando funcionalmente e permitindo ao aluno crer em tudo quanto o livro contiver, sem revelar a ele a real face dos acontecimentos.

Toda essa conjuntura errática não cessa por aqui. Percebendo essa miscelânea, o estudante volta-se para a criticidade, inquirindo o professor na explicação desses absurdos. Por vezes, o professor, radical como o gramático, escanteia a participação do discente, pois não dominando a Gramática Normativa, aquele termina por classificá-lo como perturbador e agente desordeiro. Tal postura do aluno atinge diretamente o rendimento da aprendizagem, muitas vezes deixando sequelas a ponto de incompatibilizá-lo com a matéria e, também, com o professor. Desse modo, transmite-se uma visão distorcida sobre o ensino da língua - o “decoreba” de uma infinidade de regras e de exceções -, o que complica a vida do aluno, mormente daquele advindo de camada social menos privilegiada.

Hoje há uma tentativa de se anular as diversidades linguísticas referentes a diferenças e conflitos existentes entre grupos etários e étnicos e, sobremaneira, entre classes sociais. Podemos prescrever que a gramática tem se comportado como o objeto do ensino de Português no Brasil e não a língua. Consequentemente, estão sendo difundidos aos alunos de todas as faixas etárias, em principal aos do Ensino Médio, conceitos linguísticos falhos. Sobre esse ensino, praticado pelas escolas públicas e particulares, verifica-se uma incompreensível prática que é a de encher a cabeça do estudante com elementos inúteis e confusos.

Considerando a diminuta representatividade desse conhecimento, imposto ao aluno como verdadeiro crime, Geraldi afirma que “O ensino da língua foi desviado para o ensino da teoria gramatical”. (1987, p. 21).

Ora, se a função da escola é o ensino da língua padrão, não é com teoria gramatical que ela concretizará seu objetivo. Tais contrastes na forma de se encontrar com esses temas desestimulam o estudo da língua, pois, quando o estudante pensa haver entendido os conteúdos trabalhados em sala de aula, ilude-se ao se deparar com determinadas construções, pois não consegue chegar ao entendimento do enunciado, resultando em frustrações, reprovações e recriminações que começam no seio da própria escola e o velho preconceito de que não sabe português, mas, como é possível que um brasileiro nato, falante do português não sabe a sua própria língua? Sabe sim, o português para um aluno brasileiro é parte dissociável, é componente de sua própria personalidade.

Todos esses aparatos gramaticais tradicionais são frutos de uma preocupação da escola em mostrar ao estudante a língua considerada padrão pela elite cultural, que insiste em se modelar através e a partir dos clássicos e dos grandes nomes.

Observando essa particularidade, as regras gramaticais foram geradas e logo voltadas para o uso literário dos renomados escritores do passado, recebendo o título de Gramática Tradicional.

Com base na análise desses fenômenos, ressaltamos dois equívocos cruciais: o primeiro, consiste na rígida separação da língua escrita da falada; o segundo, no modo de se encarar a mudança e mutabilidade das línguas, fatalidade concebida por muita gente até hoje. Por conseguinte, enquanto não houver uma proposta pedagógica habilitada a eliminar esses equívocos existentes no ensino da língua e uma mudança substancial das motivações ideológicas que sustentam esse ensino mutilador e segregador, a Gramática Tradicional permanecerá como alvo crítico dileto, embora reconhecendo ser ela a fatorial referência para os Ensinos Fundamental e Médio.

O resultado disso é a submissão da língua à gramática. Mas, como? Por que meios? Com os séculos sendo atravessados a todo vapor, a Gramática Tradicional mudou de roupagem, preservando o seu conteúdo, isto é, passou a denominar-se de Gramática Normativa. Assim, a Gramática Tradicional tornou-se uma ferramenta ideológica que tem a função de descrever e concretizar como leis e padrões as manifestações lingüísticas usadas pelos escritores considerados dignos de admiração em qualquer tempo e espaço, modelos a serem imitados.

Segundo Bagno:

Com a instrumentalização da Gramática Normativa em mecanismo ideológico de poder e de controle de uma camada social sobre as demais, formou-se essa “falsa consciência” coletiva de que os usuários de uma língua necessitam da Gramática Normativa como se ela fosse uma espécie de fonte mística da qual emana a língua “pura”. Foi assim que a língua subordinou - se à gramática. (2000, p. 87).

Por fim, permanece a questão, mais viva que nunca: devemos ou não utilizar a gramática nas aulas de Língua Portuguesa?

Indubitavelmente que sim, embora saibamos que ela em si não ensina ninguém a falar, contudo, auxilia na medida em que leva a uma reflexão da língua.

Bagno é de opinião que

A gramática deve conter uma boa quantidade de atividades de pesquisa, que possibilitem ao aluno a produção de seu próprio conhecimento lingüístico, como uma arma eficaz contra a reprodução irrefletida e acrítica da doutrina gramatical normativa. (2000, p. 87).

Tendo em vista o conceito de Bagno, o professor de Português deixaria o seu estágio de “sedentarismo intelectual”, e passaria a ser dinâmico, deixando de ser apenas um aparelho repetidor da doutrina gramatical normativista, que ele mesmo não domina de modo integral.

À vista das considerações aqui pronunciadas, conclui-se que a gramática não consegue ser única fonte para o ensino da língua nas entidades escolares, bem como a ser intitulada como o conjunto normativo da linguagem, num âmbito generalizante.

Assim posto, no comenos em que o aluno entender que as regras da norma culta são passíveis de variações é que o uso de uma forma pode vir a ser tida como normal numa modalidade lingüística. Também se faz de extrema urgência que gramáticos, e demais estudiosos da língua, formem uma simbiose e não uma relação parasitária, para que haja cada vez mais espaço dentro de sala de aula para o ensino de “gramáticas”, e que a elite cultural caia na racionalidade e na admissão intelectual de que houve mudanças abissais na língua padrão fomentado pela Gramática Tradicional, que no Brasil fala-se um português brasileiro, de personalidade própria, discrepante do português de Portugal. Agindo assim, tendemos a extinguir as discriminações rígidas que a escola insiste em praticar.

Tem-se discutido muito no meio educacional a prática do ensino de gramática, principalmente pelo fato de que os educadores e/ou as instituições privilegiam o uso da gramática normativa, desconsiderando todos os demais tipos de gramática. A adoção da gramática normativa, tida como a única que deve ser considerada, acarreta num total clima de preconceito, já que a mesma põe como errado tudo o que propõem as demais gramáticas existentes, estas passam a receber o rótulo de errôneas, desacreditadas.

É oportuno, portanto, abrirmos este canal de discussão a respeito da prática que vem ocorrendo no ensino de gramática de Língua Portuguesa em sala de aula, principalmente, com seus principais difusores: os educadores.

O bom professor pode até errar, mas, mesmo no seu erro, ele busca desenvolver capacidades em seus alunos. Com o bom professor de Língua Portuguesa não é diferente, este procura suscitar em seus alunos, a maravilhosa maneira de olhar a sociedade em que está inserido pela ótica da criticidade, pois, esta é a melhor forma de o indivíduo tornar-se cidadão, tornar-se um agente transformador do seu meio e de si mesmo.

Foi com o objetivo de conhecer que concepção os professores de Língua Portuguesa de uma escola estadual da Cidade de Petrolina – PE tinham em relação ao ensino de gramática que esta pesquisa se destinou. Pois, julgamos que estes são os principais responsáveis pelo ensino - que fique bem claro que não os concebemos os únicos -, mas os primeiros, e como tais, vemos neles os principais agentes modificadores de quaisquer mudanças na área educacional.

O uso da gramática nas aulas de Língua Portuguesa nas escolas, geralmente, vem fomentando inúmeras discussões ao longo dos anos. À luz da razão, almejamos, desse modo, mostrar as incoerências e divergências gramaticais concernentes ao método de ensino posto em prática em escolas públicas e particulares de nossa região.

Partindo de tais pressupostos, e já realizando uma análise dessas incoerências, partimos de como Bechara (1982, p.199) conceitua período: “chama-se período o conjunto oracional cuja enunciação termina por silêncio ou pausa mais apreciável, indicada normalmente na escrita por ponto”.

Notando a obscuridade da conceituação, Bechara simplifica-se no parágrafo posterior, dizendo ser “período simples o constituído por uma só oração”. O que se entende por conjunto oracional? É a reunião das partes que constituem um todo.

Se fôssemos confrontar a idéia de Bechara com a de outro autor ou estudioso da língua portuguesa, veríamos uma variação considerável na maneira de se pronunciar sobre um mesmo caso, o que abre espaço para constantes debates e discussões acerca do problema gramatical.

Como o aluno pode absorver esses conceitos “eloqüentes” ou “retóricos”, e que procedimentos ele utilizará para o enfrentamento de concursos públicos e vestibulares? É por isso que se a classe docente não fizer uma antecipada avaliação do livro didático que possivelmente será adotado estar-se-á acomodando funcionalmente e permitindo ao aluno crer em tudo quanto o livro contiver, sem revelar a ele a real face dos acontecimentos.

Toda essa conjuntura errática não cessa por aqui. Percebendo essa miscelânea, o estudante volta-se para a criticidade, inquirindo o professor na explicação desses absurdos. Por vezes, o professor, radical como o gramático, escanteia a participação do discente, pois não dominando a Gramática Normativa, aquele termina por classificá-lo como perturbador e agente desordeiro. Tal postura do aluno atinge diretamente o rendimento da aprendizagem, muitas vezes deixando seqüelas a ponto de incompatibilizá-lo com a matéria e, também, com o professor. Desse modo, transmite-se uma visão distorcida sobre o ensino da língua - o “decoreba” de uma infinidade de regras e de exceções -, o que complica a vida do aluno, mormente daquele advindo de camada social menos privilegiada.

Hoje há uma tentativa de se anular as diversidades lingüísticas referentes a diferenças e conflitos existentes entre grupos etários e étnicos e, sobremaneira, entre classes sociais. Podemos prescrever que a gramática tem se comportado como o objeto do ensino de Português no Brasil e não a língua. Conseqüentemente, estão sendo difundidos aos alunos de todas as faixas etárias, em principal aos do Ensino Médio, conceitos lingüísticos falhos. Sobre esse ensino, praticado pelas escolas públicas e particulares, verifica-se uma incompreensível prática que é a de encher a cabeça do estudante com elementos inúteis e confusos.

Considerando a diminuta representatividade desse conhecimento, imposto ao aluno como verdadeiro crime, Geraldi (1987, p. 21) afirma que “O ensino da língua foi desviado para o ensino da teoria gramatical”.

Ora, se a função da escola é o ensino da língua padrão, não é com teoria gramatical que ela concretizará seu objetivo. Tais contrastes na forma de se encontrar com esses temas desestimulam o estudo da língua, pois, quando o estudante pensa haver entendido os conteúdos trabalhados em sala de aula, ilude-se ao se deparar com determinadas construções, pois não consegue chegar ao entendimento do enunciado, resultando em frustrações, reprovações e recriminações que começam no seio da própria escola e o velho preconceito de que não sabe português, mas, como é possível que um brasileiro nato, falante do português não sabe a sua própria língua? Sabe sim, o português para um aluno brasileiro é parte dissociável, é componente de sua própria personalidade.

Todos esses aparatos gramaticais tradicionais são frutos de uma preocupação da escola em mostrar ao estudante a língua considerada padrão pela elite cultural, que insiste em se modelar através e a partir dos clássicos e dos grandes nomes. 

Observando essa particularidade, as regras gramaticais foram geradas e logo voltadas para o uso literário dos renomados escritores do passado, recebendo o título de Gramática Tradicional.

Com base na análise desses fenômenos, ressaltamos dois equívocos cruciais: o primeiro, consiste na rígida separação da língua escrita da falada; o segundo, no modo de se encarar a mudança e mutabilidade das línguas, fatalidade concebida por muita gente até hoje. Por conseguinte, enquanto não houver uma proposta pedagógica habilitada a eliminar esses equívocos existentes no ensino da língua e uma mudança substancial das motivações ideológicas que sustentam esse ensino mutilador e segregador, a Gramática Tradicional permanecerá como alvo crítico dileto, embora reconhecendo ser ela a fatorial referência para os Ensinos Fundamental e Médio.

O resultado disso é a submissão da língua à gramática. Mas, como? Por que meios? Com os séculos sendo atravessados a todo vapor, a Gramática Tradicional mudou de roupagem, preservando o seu conteúdo, isto é, passou a denominar-se de Gramática Normativa. Assim, a Gramática Tradicional tornou-se uma ferramenta ideológica que tem a função de descrever e concretizar como leis e padrões as manifestações lingüísticas usadas pelos escritores considerados dignos de admiração em qualquer tempo e espaço, modelos a serem imitados.
Segundo Bagno:

Com a instrumentalização da Gramática Normativa em mecanismo ideológico de poder e de controle de uma camada social sobre as demais, formou-se essa “falsa consciência” coletiva de que os usuários de uma língua necessitam da Gramática Normativa como se ela fosse uma espécie de fonte mística da qual emana a língua “pura”. Foi assim que a língua subordinou - se à gramática. (2000, p. 87).

Por fim, permanece a questão, mais viva que nunca: devemos ou não utilizar a gramática nas aulas de Língua Portuguesa?

Indubitavelmente que sim, embora saibamos que ela em si não ensina ninguém a falar, contudo, auxilia na medida em que leva a uma reflexão da língua.
Bagno é de opinião que

A gramática deve conter uma boa quantidade de atividades de pesquisa, que possibilitem ao aluno a produção de seu próprio conhecimento lingüístico, como uma arma eficaz contra a reprodução irrefletida e acrítica da doutrina gramatical normativa. (2000, p. 87).


Tendo em vista o conceito de Bagno, o professor de Português deixaria o seu estágio de “sedentarismo intelectual”, e passaria a ser dinâmico, deixando de ser apenas um aparelho repetidor da doutrina gramatical normativista, que ele mesmo não domina de modo integral.

À vista das considerações aqui pronunciadas, conclui-se que a gramática não consegue ser única fonte para o ensino da língua nas entidades escolares, bem como a ser intitulada como o conjunto normativo da linguagem, num âmbito generalizante.

Assim posto, no comenos em que o aluno entender que as regras da norma culta são passíveis de variações é que o uso de uma forma pode vir a ser tida como normal numa modalidade lingüística. Também se faz de extrema urgência que gramáticos, e demais estudiosos da língua, formem uma simbiose e não uma relação parasitária, para que haja cada vez mais espaço dentro de sala de aula para o ensino de “gramáticas”, e que a elite cultural caia na racionalidade e na admissão intelectual de que houve mudanças abissais na língua padrão fomentado pela Gramática Tradicional, que no Brasil fala-se um português brasileiro, de personalidade própria, discrepante do português de Portugal. Agindo assim, tendemos a extinguir as discriminações rígidas que a escola insiste em praticar.

REFERÊNCIAS

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: Uma proposta para o ensino de gramática no ensino de 1o e 2o graus. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1997.

NEVES, Maria Helena Moura. Gramática na escola. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1991.

PRESTES, Maria Luci de Mesquita. A pesquisa e a construção do conhecimento científico: do planejamento aos textos, da escola à academia. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Rêspel, 2005.


BAGNO, Marcos. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Loyola, 2000.


BECHARA, Evanildo. Moderna gramática brasileira. São Paulo: Nacional, 1982.


GERALDI, João Wanderley. (org.). O texto na sala de aula: Leitura e produção. 8. ed. Cascavel, PR: Assoeste, 1991.