terça-feira, 3 de abril de 2012

Violência e assaltos assustam população iraquarense

Fotografia de Nicole Palmares

 Por Germano Xavier

As cidades do interior brasileiro e baiano, mais especificadamente, como é o caso das localidades pertencentes à região da Chapada Diamantina, antes conhecidas por serem pacatas e muito tranquilas, já não são mais as mesmas nem os seus moradores desfrutam da paz de outrora. Está ficando cada vez mais frequente a percepção de que a violência, metamorfoseada em suas diversas modalidades, vem se tornando, ano após ano, num mal rotineiro e de difícil assimilação. Em Iraquara, não obstante os recorrentes assaltos às agências do Banco do Brasil e dos Correios, que causam medo e intranquilidade em todos, ainda somos impelidos a presenciar atos de crueldade dignos de revolta, como o caso relatado a seguir por uma fonte fidedigna que preferiu não se identificar: “Ontem, minha mãe ligou falando a barbaridade que aconteceu na Várzea, em Iraquara. Lugarejo onde minha avó mora. Um grupo de cinco homens, pra não dizer monstros, bateu num rapaz com problemas mentais chamado ZÉ. Eles bateram até desfigurar o menino e deixá-lo em estado crítico, muito perto da morte. Se um senhor não chegasse para o socorrer, eles tinham matado. Trouxeram ele para Salvador. Está no HGE, não estava conseguindo lugar na UTI. Esse rapaz era uma pessoa normal, aliás bonito e bem inteligente. Quando adolescente, a mãe morreu atropelada em Iraquara. E depois de adulto, quando procurava o pai que era desconhecido, soube que o pai havia sido assassinado em Mulungu do Morro. Trouxeram a foto do homem morto para ele ver. Depois disso, ele começou a desenvolver problemas mentais. Não fazia nada com ninguém, mas dizia que ia fazer e acontecer.... papo mesmo de gente com problemas assim. Ele morava sozinho na Várzea, num lugar lá chamado Pita. Pois foram moradores do Pita que fizeram essa barbaridade. Minha família está arrasada. Ele foi criado na fazenda ao lado da fazenda da minha avó e então ele e os irmãos quando pequenos viviam lá. São pessoas que minha avó tem muito carinho, sabe. Ela, que hoje tem 85 anos, está arrasada com isso. Nós todos estamos, principalmente porque a única parente do menino que mora por lá nem deu queixa na polícia, com medo dos monstros e também por comodidade. Fico pensando quanto vale a vida de uma pessoa. Sabe aqueles casos de colocar fogo em mendigo e índio no sudeste? É a mesma coisa o que fizeram.... um grupo de homens covardemente espanca até quase causar a morte de um inocente, é covardia, é muita maldade... eu já chorei horrores... eu quero fazer alguma coisa e não sei o que, sabe? Estou pensando em escrever uma carta, digitar, imprimir centenas de cópias falando que a justiça de Deus não vai falhar e um dia cada um deles irá pagar caro por isso. Pagar alguém para numa madrugada passar lá jogando os papéis pela Várzea inteira! Eu preciso soltar esse grito, porque alguém tem que fazer alguma coisa! Esses monstros estão achando que fizeram o certo e que tanto foi certo que ninguém apareceu para julgar nem nada... o sobrenome dele não sei...”, disse. Para aumentar a lista de acontecimentos, hoje a vila de Iraporanga viu dois homens armados darem voz de assalto ao posto dos Correios e depois a um mercado local. A bem da verdade é que, se nada for feito por parte dos órgãos competentes em termos de melhoria na segurança da população, haja vista o enorme déficit encontrado neste setor em toda a extensão de Iraquara, decerto que tudo isto vai voltar a acontecer. E, o pior, sabemos que é meramente uma questão de tempo.

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