sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Soneto de um desejo austral


Por Germano Xavier

Na Terra, a turba inteira inflama
em alvoroço. Raia o dia certo e raro.
No céu em chamas cai o anteparo
do dessilêncio: - Oh, olhar, você clama?

Se pudesse eu gozar dum tal desejo,
ansiaria estar em ansas ao astro colado,
para queimar-me em fogo conflagrado
e beijar um afago no claro sol que vejo.

Se em teu colo o aconchego deste
lhe servir de espelho, perceba a vida
que desce em brasa em mão caída.

E mediante o curto tempo e celeste
manto, aqueça-se, sim, em sestroso canto,
no alegre e eterno brilho do teu pranto.

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