sábado, 16 de novembro de 2013

Sem garoa, sem Salvador


Por Germano Xavier

Com alusões diretas ao poema "Garoa do meu São Paulo",
de Mário de Andrade.


minha cidade emprestada, sem pena
de mim, de ruas enladeiradas,
não parou quando eu quis.

minha cidade devastada,
construída em tributo aos mortos
(quase todos pretos de cor),
denuncia a torta forma, o tonto trato
pelo outro

- e por cadeia, não sou devasso?

também costura, minha cidade, os malditos
da Paulicéia. e nem sai dos olhos
esta garoa de cegar que não existe.
minha cidade sem mim é do menino invadido,
sem vento, sem distâncias de importâncias
- sem Londres, Mário! -, sem Salvador.

Nenhum comentário: