quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Paralaxe para nenhuns


Por Germano Xavier

para Iza Freitas


Dinamene existirá como o poema oceânico
das baleias jubarte que se distanciam do próprio mar,
seres sozinhos.

Sedes solitárias, como o bastardo enjôo das águas
pelas guelras dos peixes peçonhentos,
monstros marinhos.

O poeta louco que troca a humana pele quente
pela fria carne das palavras, indiferentes,
indomináveis, um bicho camoniano.

O que há de tão estranho em se cometer crimes
de lei contra as esfinges de peitos flácidos,
que nem perguntam nem respondem?

Algum verso dirá, se te escrevo, que gaivotas
pousarão como dias esquecidos
na copa alta das marés de dentro, de nós.

Que buscaremos o ar, mesmo sujo, esticando
o pescoço como girafas frente ao verde,
na cela das naturezas já mortas.

Não regredirá o poema embora o mar de sangue
se banhe, no exalar do medo e das atrozes sombras,
o sonho perto do azul se assentará, se pouco pese o que não dura.

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