segunda-feira, 31 de março de 2014

O sumo das árvores


Por Germano Xavier

Posso, na espera oportuna, conceder
o meu tempo adornado em brasa
ao fazer das mãos miúdas, afeitas
ao torto rumo e de saída, tu, e mais além,
não aceitar a ordem da porta, que é sair
e ir para a abertura do vago.

No termo em que a alma se apascenta
na frente da noite, claro é a ciência
de minha aparente desforra. Eu ignoro o
que não aceita a esfera da dúvida
e aceita o parco. Todo humano forte
agarra-se ao íntimo da magnificência.

No chão, com o rosto puído de sangue,
como um pugilista,
o pânico abafa o corte exposto:
não ser, não ser, não ser!
Um caminho para se chegar
ao fim das coisas é o achar-se,

mesmo que se seja implicada
a morte dos sóis. Não tenho
nada a reprimir nas árvores,
que se enraízam em si mesmas,
mas estão a botar-se em fuga
no sem-fim das folhas de outono.

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