segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O bulício das ruas


Por Germano Xavier

“Só depois refleti
Que aquela rua da tarde era alheia,
Que toda casa é um candelabro
Onde as vidas dos homens ardem
Como velas isoladas,
Que todo imediato passo nosso
Caminha sobre Gólgotas.”
(Jorge Luís Borges)


As ruas que passam nas tardes
das tempestades dos homens
que, dessonhados de corpo e alma,
e com articulações oxidadas pelo infortúnio
do Tempo, cujo espaço não cede
que seja um suspiro de alívio
pelas sangraduras atemporais
produzidas pelas próprias mãos de erguer esperanças,
transportam as casas ingenuamente
fincadas na turba da terra
e abrem os portais da infância
refletida na altura do farfalhar
das folhas nas árvores do vento,
este deus que não se esquece
de soprar a dimensão real
dos nossos horizontes,
tão cegos...

Um comentário:

Lua Nova disse...

Contrapontos... senti uma grande angústia, apesar da bela construção.
Um texto pra ser sentido muito mais do que entendido. Pelo menos pra mim.
Beijokas e um lindo fds.