quarta-feira, 10 de julho de 2013

Interno


Por Germano Xavier

para Alessandra Pires,
cor ressuscitante...


então, teu coração senta
na amurada. senta
e aguenta sobre os ombros
o infinito peso do ar,
a ferrugem das nuvens.

teu coração suporta
o céu,

tão desarrazoadamente azul,
a chave escrava no molho
e a hora crítica dos segredos.

este teu coração tirânico,
que ensaiou parar, sente
que o tempo sobre ele derrota
todo coágulo. este teu coração,

teu,

coração apenas, coração ainda,
coração sem morte, coração.

tão teu, então, que não soube
criar o fim, é todo sangue,
manchado afago, é todo mãe
e filha, menina,

criança. este teu coração
que vacila em paz o tremor,
aduba os lados de Janus
e assim, batendo, rude alcança
o corpo de outra alma.

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