quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Espetáculos de corte


Por Germano Xavier

para Jô Castro Lima

A desamena paisagem
sob a luz opaca, no palco
a voz sem cor da atriz mambembe e
a impressão de que tudo não passa
de um ontem triste
nas mãos de um impostor de hojes.

Minha saída sem porta, meu caminho
sem passos. Minha saudade rica
de futuros inconstantes, minha constante
febre de indestinos, meu navegar
inteiro, perdido no ermo pelas paredes
aquáticas onde dançam
meus cílios de sal, e o quadro que vejo
permanece intacto, destituído da queda
num pior roteiro.

Quando fecho meus olhos, abrindo
meus sonhos, indo e indo, em coro-paixão,
pantomina-desejo, no trote acortinado, nu
na catarse do ar que de ti emana,
no império da arte, no ar, aplaudo-te:
ato final do meu decíduo não.

Nenhum comentário: