terça-feira, 28 de maio de 2013

Ensinos de ausência


Por Germano Xavier

Soube o que não queria para saber
o que quis. Nem sapato florido, nem a caixa aberta
com tralhas de acampar, muito menos o rio perfeito
sumindo no retrovisor ou o galope torto do cavalo
sem raça... não precisei saber para onde daria
o degrau da minha estupidez para me saber
infeliz e estúpido.

Foi tudo simples como pular
de um avião metros e metros debaixo d’água.
Eu engolia o sal e meu sangue era azul,
turquesa, cor dos homens atlânticos.

No fundo encontrei a biblioteca escondida
no poço de lágrimas claras, ainda em tempo de ler
a última estrofe do melhor poema. Quando
a palavra sai feita com o açúcar do verbo,
vai demolindo o que não é verdade.

Quando
deixamos de retirar da consciência o peso
do imundo mundo, as costas inundam de seca
a alma alquebrada. Estar no inferno foi bom
por mil coisas, inclusive para saber
que o mais malvado diabo só reina
quando, por vezes, esquecemos de nos ausentar.

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