terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Flor doentia


Por Germano Xavier

Existem flores na casa do poeta. Estão enjauladas em jarros afeitos à beleza impostora, mas elas existem. Existem golpeando-se umas às outras, como se pudessem pôr toda a carga de desculpa na força da ventania que se abre. Existem rosas, e margaridas. Flores vermelhas e alvas, de pétalas rosáceas - estas rosas rosas, de verdade -, de botões caídos. Será que existem flores na casa do poeta?, você me pergunta. Eu te respondo, será que em mim há flores, flores do mal? E ainda mais... será que alguma flor do bem? Quem dirá, poeta, tua alma é quem! É quem? Tua alma é quem? É quem sabe. Você só sabe que pássaro cheira a céu, e qual é o cheiro do teu céu, que tanto te incide? Qual a cor dessa tua cor? Não me diga, insisto - ou melhor, clamo -, que esta flor doentia, no jarro presa, de vermelha cor, desbotada e pálida, é a flor do amor!

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