domingo, 10 de março de 2013

Cores pavoneadas


Por Germano Xavier

Meus enfeites adquiro com a angústia
do momento. E se não são enfeites os meus
enfeites, chamem-vos de dessorrisos.
Se azul ou se vermelho, branco ou cores mortas,
minha vida no preto é mais sentida.

Manhã que não termina no cerzir diário
da família estranha (sensação de não estar aqui).

Sinceras como o silêncio desencantado de um pássaro
estão minhas adornações imprevistas –
seguem minhas não-sim-vontades,
e me lançam contra o que quase-não-sou.

Meus enfeites adquiro com a ruína inconsciente,
e apelo para minhas escondidas naturezas
em orações epifânicas de ares traiçoeiros:
a ausência, Senhor, que cor?

Nenhum comentário: